Os Sabores da Portela
Na cultura tradicional do samba, o ato de comer é mais do que dotar o corpo com os nutrientes necessários à sobrevivência. Alimentar-se, dentro daquele contexto, é parte de um conjunto que une a festa, o encontro, a roda, a música e a dança. Por meio do preparo e do compartilhamento do alimento são transmitidas e ressignificadas lembranças, visões de mundo, bem como as memórias individuais e coletivas. A fartura à mesa sempre foi uma característica da comunidade do samba carioca. Desde a origem, criação musical e comida estiveram juntas, fazendo circular saberes e arte. Nessa história têm participação fundamental as tias baianas, mulheres festeiras e excelentes quituteiras, que abriram suas casas terreiros e quintas para que o povo do samba se irmanasse, com inteligência, força e domínio da arte culinária. Diversas agremiações floresceram em torno dessas reuniões festivas entre muitos petiscos, bebidas, almoços e jantares. | O GRES Portela marca indelevelmente a história da alimentação do povo do samba. Pode-se afirmar sem receio que poucas escolas cultivaram o "comer bem" como a nossa. A comida para o portelense é um verdadeiro fator de pertencimento e de construção de sua identidade. Portelenses de diversas épocas conceberam um conjunto de narrativas culinárias que são verdadeiros patrimônios imateriais do povo carioca. Desde os primeiros passos da Azul e Branco nos terreiros de Oswaldo Cruz até o sucesso da Feijoada da Família Portelense, vemos um percurso repleto de episódios em que o prato farto e o samba estiveram intimamente ligados. Nesta exposição, propomos um resgate da representatividade das tias baianas nessa comunhão, destacando alguns personagens portelenses (cinco mulheres e um homem) que mantiveram esse ritual de celebração, mesclando a comida e a sociabilidade de maneira única. Eles se destacam pela expressividade de suas biografias junto à comunidade, pela durabilidade de suas iniciativas e pela maneira significativa como suas vivências foram apropriadas pelo imaginário coletivo. Pesquisa, textos e produção: Maria Lúcia Silva e Walter Pereira Arte: Sério Souza Crédito das imagens: acervo pessoal de Zilmar Mendonça, Arquivo do GRES Portela, Fundação Biblioteca Nacional Curadoria e realização: Departamento Cultural da Portela |
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