Duas exposições mostram parte da história portelense em espaço dedicado à escola no Madureira Shopping
Shopping é templo de consumo e diversão e a Portela deu novamente um passo importante para se aproximar ainda mais de seus torcedores e admiradores. O espaço inaugurado no Madureira Shopping no início de janeiro oferece dois tipos de abordagem: fortalecer laços, comprando produtos oficiais da escola, conhecendo um pouco mais do enredo de 2017 e concorrendo a fantasias e ingressos para o desfile; pega também pelo coração ao alimentar o orgulho portelense mostrando a história da escola em duas exposições organizadas pelo Departamento Cultural.
É o segundo ano que o Departamento de Marketing da escola fecha esta parceria com o shopping. O Cultural contribuiu para o espaço com as exposições Raízes do Terreiro Azul e Branco e Tributo à Vaidade que traçam em dois setores diferentes a importância da Portela no processo de formação e evolução das escolas de samba.
Raízes aborda a criatividade dos compositores portelenses, desde a trinca fundadora, Paulo, Caetano e Rufino, que lançaram a linha melódica e poética que tal como a Jaqueira ancestral das primeiras rodas frutificou e transformou a escola em um celeiro de compositores de sambas de terreiro, de roda e de enredo antológicos.
Felizmente, parte deste universo ficou registrado em discos coletivos realizados a partir dos anos 50, diversas iniciativas que ajudam a mapear a história musical da escola. A exposição oferece uma seleção destes registros que o visitante pode ouvir no local. “São joias raras incrustadas em acetato que propagam pelo tempo o eco das melodias cantadas no terreiro azul e branco”, resume Walter Pereira, um dos curadores e produtores, ao lado de Maria Lucia Silva.
Já Tributo à Vaidade, segundo o diretor do Cultural, Rogério Rodrigues, é a primeira parte de uma trilogia em homenagem ao centenário da primeira gravação de um samba – Pelo Telefone. Inaugurada em julho do ano passado no Centro de Memórias da escola, ela se dedica à importância da indumentária na Portela. A tradição que seguiu à risca o conselho de seu fundador Paulo Benjamim de Oliveira, segundo o qual todo portelense deveria ter “pés e pescoços ocupados”. Paulo percebera o significado que o bem vestir poderia trazer à auto-estima do sambista, essencialmente negro e mestiço.
Esta elegância redundou na criação pelo velho Antônio Candeia em 1932 da linha de bambas trajados com fraque e cartola que instituiu o quesito Comissão de Frente. E em 1939, por meio do Teste ao Samba, Paulo da Portela transforma os figurinos elegantes em fantasias, sintonizadas a um tema. A exposição é uma bela viagem pela criação da indumentária que, ao longo do tempo, ganhou um significado especial para as escolas de samba.
“As outras duas parte da trilogia são a dança do samba, que está atualmente em nosso Centro de Memórias na quadra e a última sobre o batuque”, completa Rogério.
Além das exposições, o Departamento Cultural levou também para o Espaço a coleção Camisas Poéticas, uma parceria com a grife Poeme-se. São camisetas que trazem a força dos versos de alguns grandes compositores da Portela. Entre os homenageados estão Candeia, Waldir 59, Casquinha e Zé Ketti. Segundo Rogério Rodrigues, mais que um produto, elas são “uma forma de exaltar e ao mesmo tempo divulgar a obra dos baluartes portelenses.”
As duas exposições ficam no Shopping Madureira até o dia 2 de março.
(Texto: Marcelo Hargreaves/ Fotos: PH Registrou)
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