Nova exposição do Cultural Os Sabores da Portela exalta a importância da comida no samba

Exposições Culturais

Na cultura tradicional do samba, comer é mais que um ato utilitário e instintivo de sobrevivência. Alimentar-se é parte de um ritual que une a festa, o encontro, a roda, a música e a dança. Por meio do preparo e compartilhamento das comidas são transmitidas lembranças, visões de mundo, memórias individuais e coletivas.

 Este é o universo do qual trata a exposição Os Sabores da Portela, que o Departamento Cultural da escola inaugura no próximo dia 20 de maio, durante o Portela de Asas Abertas. “Trata-se da quarta parte da homenagem que estamos fazendo ao centenário do samba. As três primeiras abordaram a música, a indumentária e a dança”, explica o diretor Rogério Rodrigues.

 Responsável pela pesquisa, textos e produção da mostra em parceria com Walter Pereira, Maria Lúcia Silva ressalta que a fartura à mesa sempre foi característica da comunidade do samba carioca. “Desde sua origem, a criação musical e a comida estiveram juntas, fazendo circular saberes e arte”, afirma. Nessa história, têm participação fundamental as tias baianas, festeiras e exímias quituteiras que abriram suas casas, terreiros e quintais para o povo do samba, com inteligência, força e domínio da arte culinária.

 Diversas agremiações floresceram em torno dessas reuniões entre petiscos, bebidas, almoços e jantares. A participação da Portela neste processo foi marcante. “Pode-se afirmar sem receio que poucas escolas cultivaram o ‘comer bem’ como a nossa. A comida para o portelense é fator de pertencimento e construção de sua identidade”, aponta Walter Pereira. Segundo ele, portelenses de diversas épocas criaram tradições culinárias que são verdadeiros patrimônios imateriais do povo carioca. “Desde os primeiros passos da Azul-e-Branco nos terreiros de Oswaldo Cruz ao sucesso da Feijoada da Família Portelense, vemos muitos episódios em que prato farto e samba estiveram intimamente ligados.”

 A exposição propõe um resgate da representatividade das tias baianas, destacando cinco mulheres e um homem portelense que mantiveram esse ritual de celebração, mesclando a comida e a sociabilidade de maneira única. Seja o feijão da Vicentina, imortalizado em samba, ou a galinha ao molho pardo de tia Eunice, “são personagens que se destacam por sua história junto à comunidade, pela durabilidade de das iniciativas e a maneira como suas vivências foram apropriadas pelo imaginário coletivo”, completa Maria Lúcia.

 Com imagens obtidas do acervo pessoal de Zilmar Mendonça, dos arquivos da escola e da Fundação Biblioteca Nacional, esta é uma exposição para visitar com água na boca. Não deixe de visitar.

 EXPOSIÇÃO OS SABORES DA PORTELA
Abertura: 20/5, durante o Portela de Asas Abertas
Local: Rua Clara Nunes, 81

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