Emoção e fundamento dão o tom do Papo Sincopado
Foi ao ar na terça-feira (5) pelo Canal Portela Cultural no YouTube o primeiro episódio do Papo Sincopado. “O programa é uma troca de ideias com e sobre ritmos, suingues, melodias, poesia e arte”, na definição do diretor Cultural, Rogério Rodrigues. O convidado dessa abertura foi o músico, cantor e compositor Lucio Sanfilippo.
A entrevista já começou emotiva com Lucio interpretando O Bêbado e a equilibrista em homenagem a Aldir Blanc, que nos deixou essa semana. A conversa transcorreu como se estivessem ele e os apresentadores Társilo Delphim e Marcelo Hargreaves em um botequim virtual.
Lucio Sanfilippo falou de seu mais novo trabalho, que já está disponível no Spotify e algumas canções, em seu canal oficial no YouTube. O álbum se chama Rio de Cantar e traz um repertório cheio de ancestralidade africana, numa mistura de ritmos como ijexá, ajerê, maracatu.
Durante a entrevista ele mostrou várias canções desse repertório, como Glória do Mar, Mimo para Logun e Francisco de Oxum.
Além da voz afinada, o compositor foi didático, mostrando as diferenças nos toques de instrumentos de acordo com o ritmo e a entidade para que se toca. “Eu tenho consciência que sofro muito menos preconceito por ser um candomblecista branco. Por isso mesmo, considero uma missão devolver para essa comunidade, cantar para os orixás não é só beleza, é luta também”, explica Lucio. “Mesmo assim, é muito difícil divulgar a música de origem africana, que ainda é alvo de preconceito.”
Portelense de “quatro costados”, como se diz, Lucio Sanfilippo cantou um trecho de Das Maravilhas do Mar, Fez-Se o Esplendor de Uma Noite, samba-enredo da Portela de 1981, de autoria de Davi Correa e Jorge Macedo, que ele confessou ser o seu preferido.
Em seguida, cantou com exclusividade a canção Portela, que é pura emoção e na gravação original conta com um timaço de participações especiais: Clarice Magalhães, Elisa Addor, Simone Lial, Ana Costa, Marina Iris, Moyseis Marques, Pedro Miranda e Pedro Holanda.
No final, a canção Nanã Mi Cumadi remeteu a histórias da matriarca da Portela, dona Neném, viúva do baluarte Manacéia. Suas histórias e lembranças foram permeadas de muita emoção quando Társilo lembrou da festa com que recebeu os participantes do roteiro sentimental percorrido por cerca de 30 convidados na festa de um ano desde que a cidade reconheceu em lei o Perímetro Cultural de Oswaldo Cruz e Madureira, conquista do Cultural da Portela.
Sanfilippo encerrou a noite com o clássico de Manacéia, Quantas Lágrimas.
O Papo Sincopado vai ao ar toda terça-feira às 21h no Canal Portela Cultural no YouTube.
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